Rio + 20 – Sucesso, Fracasso ou nada: eis a questão!

Por Gina Rizpah Besen – Coordenadora de Projetos do Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade.

Chegar ao Rio de Janeiro e participar da Rio+ 20 foi uma experiência inédita para quem não viveu a Eco 92 e decepcionante para quem lá esteve. E porque isto aconteceu?

Diferentemente de 1992, na qual havia uma reunião de chefes de estado e outra da sociedade civil, o evento se subdividiu em múltiplos espaços, assim como a sociedade civil planetária. Cada segmento da sociedade brasileira decidiu realizar suas próprias atividades, independentemente dos demais e da possibilidade de unir agendas que concentrassem a sociedade em torno de temas aglutinadores. A Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, se tornou uma cúpula do povo brasileiro na qual algumas poucas ONGs e convidados internacionais participaram.

Enquanto na Eco 92 a sociedade civil se uniu em torno de uma única causa que incluía garantir a Agenda 21 e pressionar pelos Tratados, na Rio + 20 existia um documento que é, um mero acordo de intenções, muito aquém da metas e ações necessárias para que se possa evitar as catástrofes socioambientais e econômicas previstas para o caso do aquecimento global não ser contido. O governo brasileiro não teve dificuldades em negociar, pois os pontos de divergência foram suprimidos.

O governo brasileiro cheio de boas intenções em sua prática de criar “espaços de participação da sociedade civil”, nesse caso sem que esta tivesse demandado, e em conjunto com a ONU, foi responsável pelos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. Essa iniciativa, equivocada, conseguiu dividir ainda mais uma sociedade civil já fragmentada, e cujo espaço da área ambiental em relação aos movimentos sociais é muito pequeno. Conclusão: saíram dois documentos, um dos Diálogos que não se sabe para o que serviu, pois quando finalizado o Documento Final já havia sido negociado e um documento alternativo da Cúpula dos Povos, melhor do que o acordado, porém tardio.

No Parque dos Atletas, os prefeitos deram um show de bola mostrando que estão agindo e implantando práticas sustentáveis que buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e que melhorem a qualidade de vida nas cidades, como o uso de bicicletas e implantação de ciclovias para reduzir o uso de automóveis, construções sustentáveis, dentre tantos outras, enquanto os governos discutiam intenções.

Sucesso? Certamente não, diferentemente do manifestado pela nossa presidente. Fracasso? Também não, pois é difícil estabelecer o consenso entre tantas nações, muitas em crise econômica, em torno de questões desafiadoras quanto cortar emissões e conter o aquecimento global.

Nada talvez seja a melhor palavra, pois é o que a Rio + 20 significou na história das negociações internacionais sobre meio ambiente e desenvolvimento.




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